Influência da pandemia e a mudança do perfil da compra: perspectivas para 2021

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Especialistas projetam crescimento do setor imobiliário, mas também revelam preocupações e desafios

O desempenho da economia vai ditar o crescimento do mercado imobiliário em 2021, que ainda será marcado pelas incertezas relacionadas à pandemia de Covid-19. Apesar disso, há boas perspectivas sinalizadas por entidades relacionadas à construção civil e até mesmo resultados positivos obtidos já nos primeiros meses do ano. Paralelamente, é necessário acompanhar o que o comprador busca e os comportamentos desencadeados pela própria pandemia para a aquisição de um imóvel.

A Pesquisa do Mercado Imobiliário do Secovi-SP, divulgada em março, mostrou que no primeiro mês de 2021 houve a comercialização de 3.362 unidades residenciais novas na cidade de São Paulo. Na comparação com o mês de dezembro de 2020, o resultado representou uma queda de 61,8%, mas foi 23,9% superior à venda registrada em janeiro do ano passado. “Essa alta nas vendas em relação ao mesmo período de 2020 é um sinal positivo, pois demonstra que o mercado continua com bom desempenho”, analisa Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.

Para a entidade, os números de janeiro de 2021 apresentaram um comportamento característico para o primeiro mês do ano. Além disso, devido às restrições relacionadas à pandemia, as incorporadoras concentraram os esforços em vendas no final de 2020.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) estima um crescimento entre 5% e 10% do mercado imobiliário em 2021, na comparação com o ano anterior. Mas a projeção leva em consideração uma alta de 3,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. A entidade revela que o bom desempenho do setor também depende do avanço de reformas, como a administrativa e a tributária, que estão sendo discutidas em Brasília; e da manutenção das taxas de juros do financiamento imobiliário em patamares baixos.

O levantamento “Mercado Imobiliário em 2020 e 2021: o que ocorreu e o que podemos esperar”, divulgado recentemente pela Brain Inteligência Estratégica – empresa de pesquisa e consultoria em negócios com atuação no ramo imobiliário – indica que 2021 será de menos surpresas do que 2020, em razão dos impactos gerados pela pandemia de Covid-19. Entretanto, a crise sanitária continuará influenciando o cenário como um todo e levará a novos desafios.

Segundo a Brain, o mercado imobiliário em 2020 teve um bom desempenho porque houve crédito disponível, com taxa de juros mais baixa. Isso fez com que, mesmo na pandemia, compradores de todas as classes procurassem o primeiro imóvel, aquele para upgrade, diversificação ou até mesmo um segundo imóvel.

A consultoria identificou uma reorientação comportamental na busca por imóveis no ano passado, como um reflexo da pandemia e da necessidade de home office. Os compradores queriam menos impacto da distância, mais área verde, mais espaço. Houve uma extrapolação do sentido de “lar”, que passou a ser também um local de trabalho e de estudo. Na avaliação da Brain, o significado de casa sai fortalecido e, assim, o mercado imobiliário também.

Para a consultoria, a união da taxa de juros baixa com esses fatores comportamentais deve continuar em 2021, ou seja, propiciando condições para um mercado ativo. Paralelamente, há outros indícios de boa trajetória para o setor, como a retomada das demandas das famílias de classes média e alta a patamares pré-crise e a migração de investimentos para o setor.

Preocupações

A CBIC ainda demonstrou preocupação com os preços de insumos e o risco de desabastecimento de produtos, que também podem afetar as boas projeções. O presidente da CBIC, José Carlos Martins, explicou que isso faz com que o segmento “tenha medo de fazer lançamentos”, principalmente no Programa Casa Verde e Amarela. Ele também externou a queda do orçamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em habitação e o aumento dos recursos da caderneta de poupança, o que demonstra redução do funding de financiamento.

Segundo Emilio Kallas, vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP, outro motivo para estar de olho nos preços dos insumos é o impacto disso nos valores de todos os tipos de imóveis. “Isso dificultará a venda, principalmente dos imóveis econômicos, uma vez que a renda desses compradores está achatada”, esclarece.

Esses dois pontos também foram destacados pela Brain, que ainda reforçou a preocupação sobre a retomada da economia, em um cenário de menor espaço fiscal e retirada de políticas de auxílio, gerando um mercado econômico de menor renda. Para a consultoria, isto deve ser olhado com bastante atenção.

Fontes: CBIC, Secovi-SP e Brain Inteligência Estratégica

Foto: Sara White on Unsplash

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